Indicadores econômicos: o que são e para que servem
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Indicadores econômicos: o que são e para que servem
26 jun 2024•Última atualização: 2 julho 2024
Você provavelmente já deve ter ouvido falar muito sobre indicadores econômicos, seja no meio do mercado financeiro ou em notícias sobre economia.
Mas você sabe exatamente o que é IPCA, Taxa Selic, Taxa de Câmbio e para que servem?
É o que iremos esclarecer neste artigo, já que entendê-los é um passo primordial para a gestão eficiente de seus investimentos.
Acompanhe para saber tudo sobre os principais indicadores econômicos do Brasil.
O que são indicadores econômicos
Resumidamente, indicadores econômicos são números que representam resultados da economia.
Eles podem se apresentar em forma de índices e porcentagens, por exemplo.
Em outras palavras, são dados que acompanham aspectos financeiros do país e funcionam como um termômetro que demonstra se a economia vai bem ou mal.
São alguns exemplos de indicadores econômicos os índices IPCA e IPG-M, as taxas Selic, de Câmbio, DI e Referencial.
Provavelmente, siglas e nomes que você já está familiarizado, não é mesmo? Adiante, entenderemos com mais profundidade cada um deles.
Para que servem os indicadores econômicos
Os indicadores econômicos servem para dar um panorama da situação financeira do país. Essa informação é especialmente útil para empresários, governo e investidores.
E por falar em investidores, os indicadores econômicos são usados como parâmetro para diversas transações. Sobretudo porque a variação de um indicador representa também a variação da rentabilidade do investimento no qual ele se baseia.
Portanto, na prática, esses dados contribuem para decisões mais acertadas nas estratégias de curto, médio e longo prazo.
E por conta disso, é super importante que todo investidor - mesmo iniciante - tenha um pouco de familiaridade com tais índices.
Principais indicadores econômicos
Atualmente, existe uma série de índices e taxas que influenciam a economia brasileira e os investimentos.
Vamos entender como funcionam alguns dos principais indicadores econômicos nos tópicos a seguir. Confira!
Indicadores de inflação: IPCA e IGP-M
O IPCA é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, calculado mensalmente pelo IBGE no levantamento chamado Pesquisa de Orçamentos Familiares. Considerado oficial pelo governo federal, ele é o principal índice que mede a inflação do Brasil.
Seu cálculo é feito com base na variação do custo de vida médio de famílias que ganham entre 1 a 40 salários mínimos por mês.
Usando a calculadora de IPCA do IBGE, por exemplo, podemos observar a variação do índice de maneira clara.
- O valor de R$ 1.000, por exemplo, teve uma variação de 1,63% em apenas 3 meses. Portanto, se o mês de referência for outubro de 2022, o valor atualizado é de R$1.016,29 em dezembro do mesmo ano.
Entender o IPCA, suas variações e como ele funciona é imprescindível porque ele serve como referência para metas das taxas de juros e da inflação.
Além disso, afeta a rentabilidade de títulos.
IGP-M
Já o IGP-M é o Índice Geral de Preços do Mercado. Criado na década de 40, é calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Ele é geralmente usado em contratos de aluguéis, reajustes de tarifas públicas e em seguros de saúde.
O IGP-M é constituído por 3 índices:
- Os que medem os preços ao consumidor: 30% de IPC-M.
- Os preços por atacado ou ao produtor amplo: 60% de IPA-M.
- E os de construção: 10% de INCC.
O objetivo do IGP-M é abranger as variações de preços em diferentes etapas do processo produtivo.
Indicador Taxa de câmbio
A Taxa de Câmbio é o valor entre duas moedas distintas.
Por exemplo, na data de produção deste artigo, 1 dólar está custando 5,20 reais. Sendo assim, também podemos dizer que a cotação do dólar está R$5,20.
A taxa de câmbio pode ser de qualquer moeda em relação a outra.
No Brasil, o dólar é a moeda mais relevante para o mercado financeiro. Isso porque existem diversos investimentos impactados diretamente por ele.
Além disso, a Bolsa de Valores de Nova York é a maior do mundo e a que contém ações das empresas com os maiores faturamentos e expressividade no âmbito mundial.
Então, muitos investidores acabam comprando papéis internacionais, negociados em dólar.
Inclusive, mesmo quem não investe em ações acaba sendo impactado pelo preço da moeda norte-americana e pela taxa de câmbio.
Isso porque a gama de produtos e insumos importados é imensa, sendo que a grande maioria é negociada em dólar.
Os aspectos que fazem com que o preço de uma moeda aumente ou diminua podem ser desde acontecimentos políticos e econômicos ou sua oferta e procura, até os regimes cambiais - como câmbio fixo, câmbio flutuante e câmbio deslizante.
Indicador Taxa Selic: over e meta
A Taxa Selic é a taxa básica de juros no Brasil e o principal instrumento da política monetária do Banco Central.
Isso significa que o Banco Central, especificamente seu Comitê de Política Monetária (Copom), decide qual será a taxa básica de juros visando controlar a inflação.
A reunião para essa deliberação acontece a cada 45 dias.
E na prática, quanto maior estiver a Selic, mais caro o crédito fica. O que consequentemente diminui o consumo. Entretanto, diversos investimentos passam a render mais.
Muitos títulos públicos baseiam-se na Selic para definir sua remuneração. Ela também influencia outras taxas importantes - como a CDI, que afeta milhares de investimentos no país.
Mas, você já ouviu falar no termo Selic Meta? Basicamente, sempre que ouvimos falar de Taxa Selic nos noticiários, é sobre a Selic Meta que as reportagens estão se referindo.
Ela é a principal taxa de juros do país.
Já a Selic Over representa o que acontece no mercado financeiro na prática.
Inclusive, over vem da palavra overnight, que no mercado financeiro está relacionado com operações feitas em 1 dia, para resgate no dia seguinte.
A taxa Selic Over é a média ponderada das operações realizadas no sistema Selic, sendo que é garantida pelos títulos públicos pelo prazo de 1 dia.
Por isso, ela influencia significativamente o valor do CDI.
Indicador Taxa DI
Outra taxa relevante para o mercado financeiro e seus investidores é a Taxa DI.
Ela é a taxa gerada a partir dos juros cobrados entre as instituições financeiras, quando ocorre o empréstimo de valores entre elas — uma prática comum e que acontece diariamente. Explicamos.
Os bancos precisam fechar o caixa diário com o saldo positivo, segundo as regras do Banco Central.
Portanto, realizam operações entre si em todos os fechamentos: literalmente emprestam dinheiro uns aos outros para acabar o dia no azul.
Essas operações são garantidas pelo Certificado de Depósito Interbancário - o famoso CDI.
Ou seja: a sigla DI significa Depósito Interbancário e a taxa é utilizada em vários títulos e ativos, especialmente nos investimentos de renda fixa.
Exemplo
Então quando você aplica seu dinheiro em CDB com rendimento de 100% de CDI, significa que o rendimento é baseado nessa taxa de juros dos empréstimos interbancários.
Atualmente, a Taxa DI é de 13,65% ao ano. Veja um exemplo de como ficaria um investimento atrelado à essa taxa:
- Imagine que você aplique R$10 mil em um produto financeiro com rendimento a 100% do CDI, por 36 meses. Supondo que a taxa permaneça a mesma até lá, você resgataria R$14.679,40.
- Sem contar possíveis descontos com impostos, você estaria recebendo um total de R$4.679,40 em juros acumulados no período.
A Taxa DI é calculada por uma instituição chamada Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados (CETIP).
Ela é responsável por realizar as operações entre os bancos e por várias outras atividades financeiras, como as transferências feitas por meio de DOC e TED e liquidações de investimentos.
O cálculo para determinar o valor da Taxa DI é um pouco complexo e leva em consideração uma série de critérios. Porém, se algum desses critérios no dia não for atendido, a Taxa DI será igual à Taxa Selic Over daquele período.
Indicador INPC
O INPC é outro indicador econômico importante no Brasil. Trata-se do Índice Nacional de Preços ao Consumidor, medido pelo IBGE mensalmente.
Ele demonstra a variação de preços no mercado varejista.
Precisamente, o INPC considera a oscilação dos valores de itens básicos - como alimentos de consumo diário, passagens de ônibus, gás e aluguel para famílias que recebem entre 1 a 5 salários mínimos.
Esses dados são importantes porque a população com essa renda é bastante afetada pela alta de preços, uma vez que gastam quase toda sua remuneração com despesas de natureza essencial.
Sendo assim, o INPC é bastante considerado para os ajustes salariais e para traduzir o poder de compra das pessoas. Ele também reflete as tendências da inflação.
Além disso, existem alguns investimentos de renda fixa que possuem o INPC como indexador. Isso significa que a variação do índice representa oscilação de determinadas aplicações.
Indicador Taxa TR
A TR, também chamada de Taxa Referencial, foi criada durante o governo de Fernando Collor como uma medida para tentar controlar a hiperinflação da época, que chegou a alcançar mais de 1.476%. Como o nome sugere, a ideia era justamente ser uma taxa de juros de referência.
Durante alguns anos, a Taxa Referencial era o principal indicador do mercado, inclusive no que dizia respeito à inflação e aos contratos de financiamento.
Atualmente, outros indicadores assumiram esse posto, como você está acompanhando aqui.
De qualquer forma, a taxa TR atualmente é parâmetro para o cálculo de rendimento de vários investimentos e aplicações financeiras ao longo do tempo, inclusive para a caderneta de poupança. Portanto, ela continua sendo importante.
Tanto é que a poupança é o meio mais utilizado pelos brasileiros para guardar dinheiro e acumular rendimentos - mesmo não sendo a opção mais recomendada, por conta do baixo rendimento.
Cerca de 23% da população deixa o dinheiro na poupança, segundo pesquisa Raio X do Investidor Brasileiro, da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais - a Anbima.
Outros 15% investem em algum tipo de ativo, como fundo de investimento ou títulos públicos e privados.
O restante, infelizmente, não faz nenhuma das duas opções. Independente disso, é possível perceber o quanto a Taxa TR está presente na vida das pessoas.
Isso porque a remuneração da poupança é atrelada à Taxa Referencial. Então, quando ela aumenta ou diminui, a rentabilidade da caderneta também é alterada.
Vale lembrar que, atualmente, a regra da poupança é assim:
- Enquanto a Selic estiver acima de 8,5% ao ano (e neste momento está), a poupança rende 0,5% ao mês + a variação da TR.
- E quando a Selic fica abaixo disso, a caderneta paga 70% do seu valor + a variação da TR.
Portanto, a Taxa Referencial sempre entra no cálculo do rendimento da poupança, o que impacta o dinheiro de um grande número de pessoas todos os dias.
Outros exemplos de indicadores econômicos são o PIB, o risco fiscal e a taxa de desemprego.
Porém, esses indicadores estão mais relacionados à macroeconomia, isto é, dizem respeito ao país como um todo.
Qual a importância dos indicadores econômicos para investir?
Como você pode perceber, os indicadores econômicos traduzem o cenário financeiro e também influenciam a economia do país.
Independente de ser investidor ou não, esses índices impactam a usabilidade do dinheiro das pessoas - e só por causa disso já vale a pena conhecê-los.
No entanto, é ainda mais importante entender os indicadores econômicos para investir.
Isso porque eles afetam os rendimentos de títulos públicos e privados, dos fundos de investimento e de vários outros tipos de ativos.
E mesmo que o investidor esteja focado apenas em produtos de renda variável, como ações na Bolsa de Valores, os indicadores econômicos devem ser utilizados como comparação em um estudo de oportunidades.
Comparar a rentabilidade de ativos atrelada aos indicadores que mencionamos até aqui, ajuda a entender se o nível de risco da alocação em renda variável está valendo a pena ou não.
Portanto, acompanhar tais indicadores é essencial para uma boa gestão da carteira de investimentos, assim como para escolher as melhores oportunidades e obter resultados acima da média.
Quando o investidor sabe como funcionam os indicadores econômicos e quais fatores fazem com que aumentem ou diminuam, consegue adotar estratégias de mitigação de perdas devido à variação do mercado.
Como investir sem saber muito sobre indicadores econômicos?
Contudo, pode ser difícil acompanhar e até interpretar o cenário político-econômico, seus resultados enquanto indicadores e como os investimentos serão impactados por eles.
Portanto, se você quer investir mas não tem tempo de se aprofundar nos indicadores econômicos, a dica é contar com assessores de investimento.
A assessoria como a Blue3, por exemplo, ajuda o investidor a aproveitar oportunidades porque os profissionais fazem uma análise consistente dos indicadores.
Eles conseguem entender as variações desses índices e contemplar seu potencial, realizando a gestão dos investimentos dos seus clientes de maneira otimizada.
E tudo isso integrando metas, objetivos e perfil do investidor.
Redação It's Money
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