Setor de proteína animal: entenda a operação e confira análise da JBS

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Setor de proteína animal: entenda a operação e confira análise da JBS

3 set 2023Última atualização: 20 junho 2024

Renato ReisRenato Reis
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Quando falamos do setor de proteína animal, precisamos dividi-lo em três principais segmentos: o de aves, o de suínos e o de bovinos. Cada um possui suas particularidades, especialmente quanto a duração do ciclo dos produtos. Isso porque o tempo de reprodução e maturação dos animais varia bastante.

Também é um dos principais setores com empresas na bolsa de valores, engloba grandes companhias como Alibem, Marfrig, Minerva, BRF, JBS e outros.

A seguir, os dois modelos de produção que variam de acordo com o tipo de animal:

Setor de proteína animal: Aves e suínos

Quando falamos de aves, os ciclos de alta e baixa geralmente duram alguns meses devido a rápida renovação dos animais nas granjas. Além disso, os preços dos grãos afetam diretamente a lucratividade de uma companhia desse setor.

No caso dos suínos, o ciclo leva um pouco mais de tempo. Porém, os preços dos grãos ainda afetam bastante a lucratividade. Uma característica positiva para os dois setores é a rápida duração de um ciclo. Dessa forma, as fases ruins duram pouco tempo.

Setor de proteína animal: Bovinos

Por outro lado, para os bovinos, a situação muda bastante. Especialmente no Brasil, já que boa parte dos animais são alimentados com pasto e não por grãos. Além disso, o ciclo bovino, devido ao maior tempo de gestação e maturação dos animais, leva cerca de 3 a 4 anos para ser totalmente concluído. Geralmente, sendo 2 anos de alta e 2 anos de queda nos preços do gado. Dessa forma, as fases boas geralmente duram mais tempo do que as de frangos e suínos e vice-versa.

Para empresas que trabalham exclusivamente com proteína bovina, os hedges ou bons gerenciamentos financeiros são extremamente importantes. A empresa terá um período de bonança por alguns anos e precisará ser racional para entender que a alta não é infinita. Dessa forma, deve travar o máximo possível seus preços de venda naquele patamar, além de não realizar nenhuma alavancagem excessiva, de modo que a dívida não seja um problema para os anos ruins do ciclo.

Entenda a operação da JBS (JBSS3)

É aí que entra a JBS (JBSS3), a maior empresa de proteína animal do mundo, com produção na América do Sul e Estados Unidos. Assim, exportando para diversos países ao redor do globo e estando presente nas três principais proteínas animais, além de uma produção menos relevante em salmão e ovinos.

Devido a produção da empresa ocorrer em dois países bem distintos, os momentos dos ciclos também são divergentes. Por um lado, os EUA vivem a pior crise das últimas décadas, com o preço do gado em seu maior patamar histórico. Assim, a empresa não está conseguindo repassar esse aumento na ponta final. Além disso, com um problema de excesso de oferta no mundo para as proteínas suínas e de aves, o cenário fica ainda mais complicado.

Por outro lado, no Brasil, o cenário é um pouco mais tranquilo, com o preço do gado reduzindo e as margens de lucro da companhia voltando a melhorar.

Essa diversificação de receita foi uma das estratégias da JBS para justamente sofrer menos em períodos mais negativos para o setor bovino. Apresentando, assim, lucro líquido em oito dos últimos 10 anos. E, mesmo nos dois anos que apresentou prejuízo, o valor somado de ambos os períodos foi menor do que R$ 1 bilhão, com a companhia apresentando uma média de R$ 6,5 bilhões de lucro ao ano nos demais anos.

Além da diversificação de proteínas, a diversificação de produtos também é bastante relevante para a empresa, que está cada vez mais presente nos alimentos processados. Como é o caso da Seara, que apresenta margem de lucro mais elevada, além de uma maior estabilidade no ciclo.

Análise JBS (JBSS3)

Gosto de separar a análise de uma empresa em três partes: receita, custos e dívidas. Na parte da receita, a JBS cresceu seu faturamento 17,4% ao ano desde 2012. Ou 15,2% ao ano caso seja retirado o período pós 2020, onde os preços dos alimentos aumentaram de forma relevante.

Assim, com a normalização desse processo, a receita de 2023 projeta leve queda. O que é normal e saudável, para dar início a um novo ciclo a partir de 2024.

Custos e despesas

Por outro lado, na parte de custos e despesas, o valor variou entre 90,9% e 96,4% da receita, atingindo uma margem de lucro melhor nos anos bons do ciclo e vice-versa.

No ano atual, estamos passando pela pior crise no cenário de proteínas bovinas das últimas décadas, dessa forma, o valor atingiu 99,5% no primeiro semestre. Porém, com o primeiro trimestre sendo um fundo para a empresa, que deve melhorar sua lucratividade aos poucos até o final de 2024.

Dívida

Na parte da dívida, o valor é relativamente alto em relação ao tamanho da empresa, cerca de 65,3% do total e boa parte foi tomada em dólar, já que a maioria da receita também é nessa moeda.

Por outro lado, a empresa entende bem o momento do ciclo e utilizou boa parte do caixa gerado no período de bonança em 2021 para quitar pagamentos e adiar vencimentos.

Dessa forma, o caixa atual é suficiente para quitar os pagamentos até 2027, o que daria tempo para a companhia ter um novo ciclo de alta nas proteínas, não apresentando problemas financeiros no meio do caminho.

Resumindo, a JBS hoje é uma empresa que apresenta forte crescimento, tem seus custos e despesas atuando de maneira cíclica, mas sempre gerando um bom lucro para a empresa e tem uma dívida bem controlada, não gerando preocupações no momento, especialmente pela boa capacidade de geração de caixa da companhia.

Renato Reis – Analista CNPI-P com foco em fundamentos

Analista de valores mobiliários (CNPI-P EM-3580) credenciado pela Apimec;

Formado em Ciências Econômicas pelo Ibmec BH.

Já atuou com Fusões e Aquisições e hoje é responsável por toda a área de análise fundamentalista na DVinvest.

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Renato Reis

Renato Reis

Formado em Ciências Econômicas pelo Ibmec BH. Analista de valores mobiliários (CNPI-P EM-3580) credenciado pela Apimec. Analista fundamentalista na casa de análise DVinvest.

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