Copom corta taxa Selic em 0,25% na terceira reunião de 2024
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Copom corta taxa Selic em 0,25% na terceira reunião de 2024
8 mai 2024•Última atualização: 1 julho 2024
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil reduz a taxa básica brasileira de juros em 0,25 ponto percentual. Agora, após o comunicado desta quarta-feira (08), a taxa Selic foi para 10,5% ao ano.
"Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 10,50% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego", informou o Copom por meio do comunicado oficial.
Análise do cenário
Segundo Roberto Simioni, economista-chefe da Blue3 Investimentos, a conjuntura econômica atual apresenta desafios significativos, conforme destacado na última reunião do Copom em março.
O ambiente global está se tornando mais desafiador, enquanto a desaceleração do ambiente desinflacionário local e a parcial ancoragem das expectativas reforçam a necessidade de manter uma política monetária contracionista.
Também destacou que uma redução de mesma magnitude, de 0,5 ponto percentual, estaria condicionada à evolução da dinâmica inflacionária, não apenas dos componentes mais sensíveis à política monetária, mas também das expectativas de inflação no horizonte relevante, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
Ainda, de acordo com Simioni, as tensões no Oriente Médio, o aumento do preço do ouro e dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos, juntamente com a piora gradual das estimativas de cortes de juros nos EUA, influenciam o cenário internacional.
Esses fatores sugerem que os cortes de juros nos Estados Unidos podem começar apenas no segundo semestre de 2024, provavelmente em duas reduções de 0,25 ponto percentual.
No entanto, no contexto brasileiro, além da reação defensiva da moeda nas últimas semanas, a região Sul enfrenta uma catástrofe e que trará ainda mais efeitos negativos, aumentando a inflação no segundo e terceiro trimestre. Isso sem mencionar as preocupações em torno da questão fiscal do país.
“Muitos eventos ocorreram desde março e, principalmente no Brasil, trazem força suficiente para alterar a magnitude de cortes para três reduções de 0,25 ponto percentual, ainda que não de forma contínua, mas limitando esse ciclo a uma taxa final em 10% no fim do ano a fim de fortalecer a todo tempo a credibilidade e reputação das instituições dos arcabouços monetários e fiscais que compõe a política econômica brasileira”, finaliza.
Copom corta os juros
Esse foi o sétimo corte desde agosto, quando a autoridade monetária interrompeu o ciclo de aperto monetário diante da forte queda da inflação nos últimos meses.
Por fim, votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes. Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros: Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira.
Confira a nota do Copom na íntegra
"O ambiente externo mostra-se mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente referente ao início da flexibilização de política monetária nos Estados Unidos e à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes.
Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado maior dinamismo do que o esperado. A inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes.
As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 3,7% e 3,6%, respectivamente.
As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência* situam-se em 3,8% em 2024 e 3,3% em 2025. As projeções para a inflação de preços administrados são de 4,8% em 2024 e 4,0% em 2025.
O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado. O Comitê avalia que as conjunturas doméstica e internacional devem se manter mais incertas, exigindo maior cautela na condução da política monetária.
O Comitê acompanhou com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária.
Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 10,50% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.
A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação desancoradas e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.
O Comitê, unanimemente, avalia que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas demandam maior cautela. Ressalta, ademais, que a política monetária deve se manter contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Comitê também reforça, com especial ênfase, que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta.
Votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes. Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros: Ailton de Aquino Santos, Gabriel Muricca Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira."
Redação It's Money
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