Petróleo e gás: conheça as empresas desse setor na bolsa
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Petróleo e gás: conheça as empresas desse setor na bolsa
19 set 2023•Última atualização: 20 junho 2024
Quanto falamos sobre o setor de commodities, ou seja, matérias-primas, talvez os principais produtos que venham a cabeça sejam o petróleo, o minério, o aço ou os grãos. Mas, mesmo com essa diversidade, sem dúvidas, o petróleo e gás hoje são as principais matérias-primas do mundo. Nesse sentido, o Brasil possui grandes empresas nesse segmento.
A maior empresa da nossa Bolsa de Valores atualmente é a Petrobras (PETR4), mas além dela temos também outras gigantes, como a PRIO (PRIO3), a Enauta (ENAT3), a PetroRecôncavo (RECV3) e a 3R (RRRP3).
Petróleo e gás
Além da extração de petróleo realizada pelas empresas, elas também atuam no setor gás natural. Já que, a operação é relativamente semelhante. Dessa forma, apesar de serem majoritariamente empresas de petróleo, a produção de gás ainda tem sua participação.
O setor possui características operacionais bastante únicas. Assim, na parte da receita, o valor é majoritariamente impactado por uma variação no preço do petróleo. Por outro lado, tivemos um movimento de venda de diversos ativos da Petrobras nesses últimos anos. Dessa forma, as demais petroleiras conseguiram aumentar sua produção de modo relevante, mesmo assim, boa parte da variação da receita ainda ocorre devido a mudanças no preço do petróleo.
Olhando para os custos, o valor atua de maneira relativamente estável, já que a folha de pagamento ou os gastos com energia e infraestrutura não variam da mesma forma que a receita. O mesmo raciocínio serve para as despesas (contábil, jurídico, administrativo), que não possuem muita ligação com o preço do petróleo.
Margem de lucro
A consequência disso é que a margem de lucro da empresa varia bastante dependendo de seu momento do ciclo. Por exemplo, se a receita é 100 e os custos são 50, a margem de lucro da operação é de 50%. Porém, caso o preço do petróleo aumente e a receita vá para 200, os custos vão seguir bem próximos de 50, já que a produção não aumentou. Ou seja, a folha e a estrutura da empresa não precisam mudar, como conclusão, a margem de lucro da empresa agora é de 75%.
Isso gera um efeito interessante, pois quando a empresa apresenta seus melhores resultados operacionais, o momento seria o de deixar a ação, imaginando que o petróleo vá voltar para o patamar histórico e vice-versa.
Como os resultados são bastante voláteis, é difícil para a empresa projetar seu lucro para os anos seguintes. Dessa forma, elas podem realizar proteções nos preços, mas principalmente, se tornar eficientes. Com isso, independentemente do preço do petróleo, elas conseguem apresentar lucro, somente variando a magnitude, é isso que chamamos de lifting cost, ou seja, custo de extração e quanto menor o valor, mais eficiente é a empresa.
Custo de extração
Na PRIO, esse custo de extração atualmente é de US$ 7,4 por barril, na Enauta é de US$ 20,6 por barril, na Petrobras é de US$ 5,7 por barril sem a participação governamental e de US$ 19,2 com a participação; na 3R é de US$ 23,5 por barril e, por fim, na PetroRecôncavo é de US$ 13,2 por barril.
Quando olhamos para o comportamento do petróleo ao longo do tempo, ele apresentou forte variação. Além de poder ser impactado por múltiplas variáveis, como mudanças na produção global ou com mudanças na demanda pelo produto. Dessa forma, é difícil realizar uma projeção com alto nível de acerto.
Preço do barril
Atualmente, o barril está sendo negociado por US$ 94,8, ou seja, as empresas do setor estão com resultado excelentes. Porém, quando tivemos crises na demanda (2008 e 2020), o valor atingiu patamares abaixo de US$ 40, o que impactou de modo relevante as ações.
Em resumo, as empresas não têm controle sobre como estará o preço do petróleo amanhã ou no ano que vem. Dessa forma, a melhor forma de se proteger é reduzindo seus custos e se tornando mais eficiente. O que a PRIO, por exemplo, tem feito com excelência.
Para os investidores, vale citar o comportamento cíclico do petróleo, dessa forma, boas oportunidades provavelmente vão surgir nas ações quando o preço da commodity estiver baixo e vice-versa.
Como o preço atual está próximo das bandas superiores, talvez uma compra não seja ideal, com o mais conservador sendo aguardar até que o petróleo passe a negociar em um preço mais convidativo, assim como vimos em 2008, 2016 e 2020, quando negociou abaixo de US$ 50.
Renato Reis
Formado em Ciências Econômicas pelo Ibmec BH. Analista de valores mobiliários (CNPI-P EM-3580) credenciado pela Apimec. Analista fundamentalista na casa de análise DVinvest.
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